sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Da lama ao caos: o início de um Estado de anomia social!

Saludos Caríssimos internautas!

Minhas escusas pela ausência, mas os ossos do ofício estão cada dia mais pesados...

Impressionante, pensei que ninguém iria sentir a ausência... Ledo engano, muitas pessoas estão me cobrando novas postagens, especialmente nossos alunos,  aos quais eu dedico esta matéria bombástica, mas que parece já entrar para a pauta da normalidade.

Não estou querendo ser sarcástico, mas, às vezes, parece que se você não for irônico as pessoas não dão a mínima para o que dizes, em especial nossos gestores! (Acho que estou lendo muito Luiz Eduardo Soares, em especial seu último livro: Justiça: pensando alto sobre violência, crime e castigo, do qual já fiz alguns comentários here, em que me ancorarei para complexizar alguns pensamentos - para alguns: principalmente gestores, coisas da conjuntura globalizante, portanto, inevitáveis - o crescimento desenfreado da violência! (Em especial o primeiro capítulo: O sentido de uma história depende do ponto a partir do qual começamos a contá-la!).

Então, faço-lhe a seguinte provocação: hoje talvez você não esteja se preocupando, mas se acontecer com um dos seus, ou melhor, com um dos nossos, aí sim entraríamos em pânico e cairíamos na realidade. Vamos aos fatos, que afinal de contas, contra eles não há argumentos, mesmos que rotineiramente tenhamos ouvido nossos digníssimos gestores e/ou seus representantes, dizendo: "estamos providenciando", ou estão: "já foi criada uma comissão que está analisando a situação", ou ainda: " todas as medidas já estão sendo tomadas". Caríssimos, acho que a recíproca é verdadeira, quando todos pensamos em: literalmente darmos um chute na TV,  ou no PC, pois acho que eles (gestores e ou representantes), ou são muito incompetentes, ou simplesmente acham, ou melhor, têm certeza que o cidadão é idiota - o pior (seria trágico-cômico) é que alguma, ou uma boa parte das vezes, na condição apático de cidadão nos colocamos nessa situação. Não se sintam constrangido, mas às vezes é preciso provocar!

Vejam a matéria abaixo e tirem suas próprias conclusões: precarização da família, educação em xeque: Estado finge que dar condições dignas de trabalho, professores fingem que ensinam, estudantes fingem que aprendem. Pronto! A la Renato Russo: temos uma mistura perfeita para ausência de regras e marginalização de crianças e adolescentes, os quais poucos chegam a idade adulta em face dessa violência desenfreada, inicialmente estrutural, mas por conseguinte se torna da delinquência (MINAYO, 1994).

Por gentileza não me achem chato, mas leiam, ao menos, os dados estatísticos e reflitam! Temos ou não participação nesse estado de coisas!!!????? É preciso acontecer conosco para sentirmos na pele///!!!



Seis meses: 270 adolescentes mortos

Publicação: 16 de Agosto de 2013 às 00:00
Ricardo Araújo - repórter

De tristes lembranças e lamentações, vivem as famílias dos 270 adolescentes mortos em Natal nos primeiros seis meses deste ano. Entre 2010 e 2013, a prática de crimes contra adolescentes cresceu 300%, segundo levantamento do Poder Judiciário potiguar. O percentual de adolescentes mortos nos primeiros seis meses deste ano chegou a 83,59% do total de óbitos registrados na faixa etária de 14 a 21 anos ao longo de 2012. Em paralelo, o cometimento de atos infracionais por aqueles que, sequer saíram da puberdade, aumentou significativamente e migrou para crimes cada vez mais violentos. Os pequenos furtos de pacotes de biscoitos, revistas de campeonato de futebol cometidos no passado, evoluíram para assaltos à mão armada, homicídios, latrocínios e estupros, nos dias de hoje.
Vlademir AlexandreNas ruas, crianças e adolescentes ficam vulneráveis, se envolvem cada vez mais com as drogas e terminam entrando para a triste estatística da criminalidadeNas ruas, crianças e adolescentes ficam vulneráveis, se envolvem cada vez mais com as drogas e terminam entrando para a triste estatística da criminalidade

A inaplicabilidade de políticas públicas de Assistência Social, somadas ao desmantelamento da infraestrutura básica de Saúde, Educação e Segurança Públicas, geram impunidade e o descrédito do Poder Judiciário que, por falta de vagas nas unidades socioeducativas, põe em liberdade os adolescentes infratores. “A tendência é piorar. Eu não vejo perspectiva de mudanças nos próximos seis meses. Até o final do ano, iremos ao fundo do poço”, avalia o juiz titular da 1ª Vara da Infância e Juventude de Natal, José Dantas de Paiva. A principal causa do envolvimento dos adolescentes com práticas infracionais complexas, é o fácil acesso à drogas como o crack, que causam rápida dependência e necessidade constante de consumo.

 Além disso, as brigas entre gangues de torcidas organizadas tem contribuído para o aumento das estatísticas das mortes entre os adolescentes e não somente entre os rapazes. Recentemente, uma menina esfaqueou uma rival, que acabou morrendo dias depois. Tudo por causa de times de futebol. O Poder Judiciário registrou, também, um aumento nos casos de violência doméstica contra pessoas com idades entre 14 e 21 anos, os quais incluem estupro e espancamento, primordialmente. “Estamos numa guerra civil”, lamentou o juiz José Dantas de Paiva. E são justamente os adolescentes, os anti-heróis das guerras contemporâneas. Utilizando-se do álibi da maioridade incompleta, assumem crimes que são, em muitos casos, são praticados por maiores de 18 anos. “Os adolescentes hoje não estão sendo responsabilizados. Ele sabe que, se cometer um ato infracional, não terá para onde ir”, asseverou o magistrado José Dantas de Paiva.

 Como consequência, a sociedade lamenta a sensação de impunidade, pois a realidade mostra que a reincidência na prática de atos infracionais é comum entre os adolescentes egressos das instituições socioeducativas. Isto porque, não há vagas nas unidades dos Centro Educacionais (Ceducs) nem nos Centros Integrados de Atendimento ao Adolescente Infrator (Ciad). E quando elas estão disponíveis, a ressocialização não ocorre da forma que está disposta nos manuais. “Sem vagas, os juízes são obrigados a colocar os adolescentes infratores em liberdade”, destacou o magistrado. De volta às ruas, a realidade volta a ser a de antes: prática de atos infracionais – apreensão - encaminhamento para o sistema socioeducativo - falta de vagas - liberdade.

 Questionado sobre o perfil dos adolescentes mortos e dos que cometem atos infracionais em Natal atualmente, o juiz José Dantas de Paiva disse que, geralmente, são filhos de pais humildes, mas nem todos com histórico criminal. A maioria dos adolescentes infratores não frequentaram escola, não são portadores de registro de nascimento e utilizam a droga como rota de fuga. Somente na 1ª Vara da Infância e da Juventude de Natal, 1.060 processos estão em tramitação.

  

Para aprofundamento:

MINAYO, M. C. S. Social Violence from a Public Health Perspective. Cad. Saúde Públ., Rio de
Janeiro, 10 (supplement 1): 07-18, 1994. Disponível: http://www.scielo.br/pdf/%0D/csp/v10s1/v10supl1a02.pdf. Acesso em: 14/ Ago/ 2013.

SOARES. Luiz Eduardo. Justça: pensando alto sobre violência, crime e castigo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.

Afinal de contas today is friday, que tal um pequeno vídeo para descontrair, mas com um pouquinho de reflexão! Of course!

A bientôt mes amis!

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