segunda-feira, 2 de julho de 2012

História do RN!

Saudações Caríssimos!

I'm on vacation right now! but pelo menos uma postagem semanal farei...

Sempre de olho nos acontecimentos locais e nacionais, acerca das temáticas que me dispus a debater, mas também com outro na cultura e no entretenimento....

Estava passando pelo interior do estado, mas precisamente em Canguaretama e vi uma igreja que sempre via, mas nunca havia entrado, então fiz uma pequena parada e a  visitei. Trata-se da  Igreja dos Mártires de Cunhau, do qual segue abaixo outra versão do episódio ocorrido em 1645!




MASSACRE DE CUNHAÚ E URUAÇU – ONDE ESTÁ A 
VERDADE? MARTIRES DE CUNHAÚ E URUAÇU2

A data de 3 de outubro será feriado no Rio Grande do Norte, em comemoração ao Dia dos Mártires de Uruaçu e Cunhaú. Mais um feriado… e santo! Me choca mais ainda é quando analisamos os porquês do feriado. Entro um pouco mais fundo na “história” por que a “istória” de Cunhaú me intriga. O povo só conhece um lado da moeda… aquilo que “alguns” insistem em contar.O que na verdade aconteceu? Foi realmente um massacre? Seguinte: não vou afirmar de maneira contundente. Mas faço aqui a defesa do outro lado, baseado em pesquisa histórica. Não possuo graduação em direito, muito menos em história, meu universo é a Ciência da Religião onde sou especialista. Vejamos então a outra versão dos fatos.Esse massacre, diz a “história”, foi cometido por ordem do governo holandês no Recife e orientadas por um pastor “calvinista”.
Não pretendo aqui minimizar as mortes, a crueldade do evento. Mas apresentar outros fatos que foram inapropriadamente usados para culpar um outro grupo estrangeiro de uma religião (protestantes) diferente da majoritária.Quero apresentar em três pontos algumas observações importantes:
1 – É preciso entender (ou buscar na história laica) que não foi o governo holandês que ordenou a chacina. Na verdade, a outra versão que fazemos aqui o levante, narra que foi uma vingança por parte dos índios que ali moravam ajudados por uma outra tribo da Bahia. Todos esses, se revoltaram devido notícias da crueldade cometidas pelos portugueses para com os indígenas. No início da revolta (13/6/1645), isso é aceito pela maioria dos historiadores (laicos) que por onde passavam os portugueses e estabeleciam seu domínio, a violência, a morte estavam presente de forma cruel. Os “brasilianos” (como eram chamados os índios tupis) fugiam para bem próximo das fortificações holandesas, que eram difíceis de serem atacadas e destruídas. Outros decidiram evitar o desastre aparentemente inevitável e pegaram em armas. Foi isso que aconteceu em Cunhaú.
“No Rio Grande do Norte, a população indígena consistia em grande parte de índios antropófagos (tapuias), sob a liderança do seu cacique Nhanduí. Para os holandeses, os tapuias significavam um bando de aliados um tanto inconstantes, pois eram um povo muito independente, que não aceitava ordens de ninguém, mas decidia por si o que era melhor para sua tribo. Um tal de Jacob Rabe, casado com uma índia, servia de ligação entre eles e o governo holandês”. (Schalkwijk – 1986).
Os holandeses eram considerados como os libertadores da opressão portuguesa. E, por várias vezes, esses índios quiseram aproveitar-se da situação de derrota dos portugueses para vingar-se da violência anteriorComo acontecera no Ceará em 1637, em 1645 os índios procuraram matar todos os portugueses da região, que foram protegidos pelos holandeses, por meio das armas.. Os tapuias sentiram que, com o início da revolta contra os holandeses, eram eles ou os portugueses. No dia 16 de julho, começaram por Cunhaú, massacrando as pessoas que estavam na capela e posteriormente, numa luta armada, os restantes.
2. O nome do Pastor protestante Rev. Jodocus à Stetten que era capelão do exército holandês está ligado a esse episódio de Cunhaú, é preciso observar e entender que exatamente o contrário do que alguns afirmam, esse pastor foi enviado pelo governo holandês do Recife para acalmar os ânimos dos indígenas. Porém, os índios, não entendiam como os holandeses podiam defender seus inimigos mortais. 3 . É preciso também registrar que esse sim: Como afirma Schalkwijk, o Algoz-mor de Cunhaú: Jacob Rabe alguns meses depois do massacre, esse funcionário da Companhia das Índias Ocidentais, que havia recebido o pastor Jodocus de pistola em punho, foi morto por ordem do próprio governador da capitania do Rio Grande do Norte, Joris Garstman. O capitão Joris era casado com uma senhora portuguesa que havia perdido muitos parentes em Cunhaú. Na história não podemos eleger nossos heróis, mas os inimigos, o algoz, sempre queremos descobrir que o foi. Nesse relato, apresentamos uma outra versão que evidentemente não esclarece de um todo, mas apresenta através de três pontos que a história precisa ser revista.
Não queremos aqui minimizar o masacre, o sofrimento das vidas que foram perdidas naquele local. Isso foi verdadeiro, mas devemos ser honestos com a história, não cedendo a pressões religiosas mais deixando a liberdade de pesquisa, de imprensa, registrar a outra face não contada. Esse caso de Cunhaú é extremamente controverso. Mas reina uma versão aceita pelos leigos e por alguns intelectuais que não buscaram conhecer o outro lado da história. Se na história não podemos eleger nosso herói, não podemos afirmar sobre o bandido, como a “versão” autorizada afirma que foi culpa do governo holandês orientado por um Pastor Evangélico. A história relatada por Cascudo e demais historiadores que defendem que o massacre foi obra do governo holandês tem uam razãod e ser, bem como a minha história.
A verdade, somente a verdade deveria reinar em um lugar que (para alguns) é solo sagrado, hierofânico e místico.
João Bosco de Sousa – Escritor, Teólogo protestante de confissão pentecostal e Cientista da Religião pela UERN. ( Nordestino, nascido em Natal sem familiares holandeses ou calvinistas). (tomando como base o texto de Francisco Schalkwijk – Doutor em história na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. É autor do livro Igreja e Estado no Brasil Holandês (1986).).

FERIADO DE MÁRTIRES DE URUAÇU É INSULTO AOS INDÍGENAS

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FERIADO DE 3 DE OUTUBRO É INSULTO A INDÍGENAS
Por: Alípio de Sousa Filho – Professor do Departamento de Ciências Sociais da UFRN.
Causa espanto saber que a Assembléia Legislativa do Estado aprovou por unanimidade e a Governadora sancionou lei criando o feriado estadual de 3 de outubro para culto público e oficial dos chamados mártires de Uruaçu e Cunhaú. A lei estadual 8.913, de 6 de dezembro de 2006, é um insulto aos nossos indígenas de ontem e de hoje e um atentado aos princípios do Estado Laico. Inconcebível que seja o próprio Estado a colaborar com a igreja católica nos seus intentos de criar beatos, santos, mártires, milagres etc. e a partir de qualquer história forjada e narrada como se quer.O que se chama de massacre dos mártires de Uruaçu e Cunhaú (mártires católicos!, pois do outro lado estavam protestantes holandeses e indígenas) é fato ocorrido no século XVII e não difere de outras situações que o território brasileiro conheceu, em todas as partes, no período colonial. No fundo, o que se visa exaltar é a fé católica que, nesse mesmo período histórico, foi responsável pela morte de milhões de indígenas. Os tapuias e potiguares que habitavam a região e que, ao lado de holandeses calvinistas, figuram na narrativa construída sobre o tal martírio, que agora se visa cultuar, faziam parte da grande civilização indígena aqui existente que, pela catequese cristã e predominantemente católica, viu ser dizimados três milhões de seus integrantes nos três primeiros séculos da colonização.Que cidadãos, isolados ou em grupos organizados, queiram praticar suas crenças, organizar e participar de romarias (a cavalo, em paus-de-arara, bicicletas, motos, carros ou a pé), que as igrejas, incluindo a dos católicos, queiram difundir suas crendices, incluindo inventar milagres e os santos milagreiros, que o façam no usufruto dos direitos que são os seus. Todavia, o Estado não pode ser cúmplice do absurdo que é tornar feriado um dia da semana para culto de uma narrativa que insulta os indígenas de ontem e de hoje.Os poderes Legislativo e Executivo estaduais, com a criação do feriado de 3 de outubro, dão mostras que não praticam a laicidade exigível desses poderes no âmbito da esfera pública e estatal e confirmam que, no Brasil, o Estado, longe de ser laico, permanece vergonhosamente submetido, pelas mãos de seus dirigentes, aos ditames e interesses de igrejas e religiões. Os interesses da igreja católica (ou de qualquer outra) não podem ser colocados acima do caráter universalista que o Estado está obrigado a preservar para permanecer como esfera autônoma, independente. Esta que é a única condição do Estado poder legitimamente representar a sociedade como um todo e agir pela sua emancipação social, livrando-a do domínio de crenças sem fundamentos que se tornam obstáculos aos seus avanços culturais, sociais. No Brasil, são inúmeros os exemplos de ações das igrejas, contrariando a implementação de medidas emancipatórias pelo Estado.
Multinacional capitalista, que enriquece com a mais-valia da fé alheia explorada, mas continuamente sedenta de criar santos e milagres para a conservação do seu domínio sobre uma população pobre e abandonada à sua própria miséria (emocional, cultural, econômica), a igreja católica não pode contar com a cumplicidade dos dirigentes do Estado para realizar seus intentos. O fato representa uma tomada de posição desses dirigentes em favor de um segmento da sociedade, e apenas de um de seus segmentos, ferindo o principio da laicidade e da universalidade de valores a predominar e a ser preservado pelo Estado no âmbito das decisões político-públicas.
Se há algo a ser feito sobre o que se passou em 1645 é o Estado narrar a tragédia de nossos indígenas, vencidos pela violência, dividindo-se, em desesperadas estratégias, entre os colonizadores.(Publicado no Diário de Natal em 25/09/2007, p.2)

http://joaobosco.wordpress.com/2007/10/03/feriado-de-martires-de-uruacu-e-insulto-aos-indigenas/

E para não dizer que sou parcial estou refazendo a postagem com a versão da Igreja Católica, que segue logo abaixo:


Canguaretama além de ser palco de um show de belezas naturais foi palco também de uma das maiores carnificinas do Rio Grande do Norte. Em 16 de julho de 1645, o Pe. André de Soveral e outros 70 fiéis foram cruelmente mortos por mais de 200 soldados holandeses e índios potiguares. Os fiéis participavam da missa dominical, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho Cunhaú, que deu nome ao local. O engenho Cunhaú, também fica em Canguaretama, na verdade um pouco longe de Barra do Cunhaú.
Segundo o Postulador da Causa dos Mártires, Monsenhor Francisco de Assis Pereira, em seu livro Protomártires do Brasil: "Os holandeses chegaram à Capitania do Rio Grande, no dia 08 de dezembro de 1633. Depois da rendição pelos portugueses da Fortaleza dos Reis Magos, que defendia a entrada marítima da Cidade (de Natal), a principal preocupação dos invasores foi assumir, o quanto antes, os pontos estratégicos que garantiam a economia da região e subsistência da população".
A economia do Rio Grande do Norte era ainda bastante primitiva. Viviam os moradores das plantações de milho e mandioca, da pesca e da criação de gado. Uma outra fonte de renda para o Rio Grande era a lavoura de cana de açúcar. Na capitania do Rio Grande havia apenas dois engenhos: o Potengi e o Cunhaú. O primeiro a ser invadido pelos holandeses foi o Potengi, por estar mais próximo de Natal, apesar do engenho Potengi não representar muito para a economia do Rio Grande. O engenho Cunhaú, a 80 Km de Natal, era o mais importante centro da economia do Rio Grande.
O vale do Cunhaú, onde estava situado o engenho, irrigado pelo rio do mesmo nome, constituía um imenso campo verdejante de canaviais e plantações de milho e mandioca. Toda a colheita de cana de açúcar era moída no engenho que chegou a ter safras anuais de seis a sete mil arroubas de açúcar. A produção de açúcar, carne e farinha era exportada para Pernambuco e Paraíba, através do Rio Cunhaú que desemboca no Oceano Atlântico.
Por tudo isso, Cunhaú se tornou o alvo da ambição e cobiça dos holandeses na sua ânsia de dominar toda a região e controlar a sua economia. Sua posição estratégica, a meio caminho da Paraíba, fez de Cunhaú um palco de lutas sangrentas, vinganças e saques entre portugueses, índios e holandeses.
O MORTICÍNIO NA CAPELA DE CUNHAÚ
Passadas as turbulências que caracterizaram o início da ocupação, a vida do engenho parecia ter voltado à normalidade. Ao redor da Capela de Nossa Senhora das Candeias, viviam pacatamente 70 modestos colonos com suas famílias, inteiramente dedicados aos trabalhos na lavoura e na moagem da cana.
O movimento de insurreição contra o domínio holandês já começara em Pernambuco, mas na capitania do Rio Grande tudo parecia normal. Bastou, porém, a presença de Jacó Rabe, um alemão a serviço dos holandeses, para que o clima se tornasse tenso.
Rabe era um personagem conhecido dos moradores de Cunhaú. Freqüentes eram aquelas incursões por aquelas paragens, sempre acompanhado de seus amigos e liderados, os ferozes índios tapuias. A simples presença de Rabe e dos tapuias já constituía motivo suficiente para suspeitas e temores. Além dos tapuias, Jacó Rabe trazia, desta vez, consigo alguns potiguares com o chefe Jererera e soldados holandeses, uma vez que se apresentava em missão oficial, dizendo-se portador de uma mensagem do Supremo Conselho Holandês, do Recife aos moradores de Cunhaú.
No dia seguinte, um domingo, aproveitando a presença de um grande número de colonos na igreja para a missa dominical celebrada pelo Pároco Pe. André de Soveral, Jacó Rabe mandara afixar nas portas da igreja um edital, convocando a todos para ouvirem as Ordens do Supremo Conselho, que seriam dadas após a missa.
Muitos compareceram, mas uma chuva torrencial, providencialmente caída naquela manhã, impediu que o número fosse maior. (...) Como havia um certo receio pela presença de Jacó Rabe alguns preferiram ficar esperando na casa de engenho.
Quando chegou a hora da missa, os fiéis, em grupos de familiares ou de amigos, se dirigiram à igrejinha de Nossa Senhora das Candeias. Levados a cumprir o preceito religioso, evidentemente não portavam armas, proibidas pelas autoridades holandesas.
Bastou o Pe. André iniciar a celebração, e a um sinal de Jacó Rabe, foram fechadas todas as portas da Igreja e se deu início à terrível carnificina. Foram cenas de grande atrocidade: os fiéis em oração, tomados de surpresa e completamente indefesos, foram covardemente atacados e mortos pelos flamengos com a ajuda dos tapuias e potiguares. Ao perceber que iam ser mesmo sacrificados, os fiéis não se rebelaram. Ao contrário, rezavam enquanto o Pe. André rezava apressadamente o ofício da agonia.



Padre André de Soveral



Monsenhor Francisco



Capela de Cunhaú


Disponível em:
http://www.barradocunhau.com.br/conteudo/informativo/historia.html. Acesso em: 03 jul 2012.
A bientôt mes amis!

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