sábado, 2 de janeiro de 2016

Limpeza social e étnica: pobres e negros morrem cada vez mais no RN

Buenos días hermanos internautas!

Depois de um bom período ausente (em virtude de uma série de ocupações: trabalho, estudo, etc.) retomo minhas postagens, sobretudo a partir da perspectiva de que este canal deve sempre estar aberto para reflexões e discussões. Aos que se aventurarem serão sempre muy bienvenidos!

O artigo que trago à discussão é infelizmente mais uma constatação feita pelos órgão oficiais, consignando que a maioria de jovens que morrem em virtude de uma série de fatores que incrementam a violência no RN são jovens, negros e, sobretudo pobres.


O mapeamento feito pela SESED demonstra haver uma limpeza social e étnica daqueles que ao mesmo tempo que são vítimas, são algozes, pois se encontram em um estado de vulnerabilidade social difícil de ser revertido. Nesse sentido, sofrem e praticam homicídios às margens da ausência do Estado.

Em dias de luta pela redução da maioridade penal, uma política de encarceramento que pouco ou quase nada (re)socializa, transformando os internos em marginais altamente perigosos.


Abaixo a matéria da Tribuna do Norte para que tiremos nossas próprias conclusões se o Estado e a própria sociedade não estão se omitindo a esse estado de coisas.



A marca da discriminação racial está representada nas estatísticas da violência no Rio Grande do Norte. O perfil majoritário das vítimas não mudou entre 2014 e 2015: homem, jovem, pobre, negro ou pardo. Este ano, o número de pessoas negras mortas é quase o dobro dos assassinados de cor branca. Somados, negros e pardos representam 82,71% das vítimas de homicídios neste ano - ou seja, oito em cada dez mortos, segundo levantamento da Informações Estatísticas e Análise Criminal (Coine) da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social.  No Estado, aponta mapa da Secretaria da Igualdade Racial e do IBGE, 5,2% das pessoas se declaram negros e 52,5%, pardos.
Marcelo LimaA Coine/RN faz o monitoramento espacial dos assassinatos no RN, identificando onde a violência cresce e onde ela recuaA Coine/RN faz o monitoramento espacial dos assassinatos no RN, identificando onde a violência cresce e onde ela recua

O mesmo levantamento mostra que apenas as mortes violentas de pessoas pardas cresceram em comparação com o ano passado: 14%. Nos outros segmentos étnicos houve alta redução. Por outro lado, das 1.649 mortes violentas deste ano, 44,75% são de jovens entre 12 e 24 anos - ou seja, quatro em cada dez assassinatos. O percentual se manteve praticamente estável se comparado com 2014: 44,60%.


Assassinatos no Rio Grande do Norte
2015 - 1.649 mortes
2014 - 1.762 mortes

Assassinatos por etnia 
Parda 816 (49,48%)
Negra 548 (33,23%) 
Branca 278 (16,85%) 
Ignorados 7 (0,44%)

Assassinatos por gênero 
Homens 1540 (93,38%)
Mulheres 109 (6,61%)

Dados: Coordenadoria de Informações Estatísticas e Análises Criminais (Coine/RN) da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed/RN). Para ler a matéria completa clique aqui.


Às vezes me pergunto: com tantos brasileiros  (em números absolutos, em média 50 mil homicídios, por anos, a cada 100 mil habitantes), sendo impedidos de viverem em condições mínimas de subsistência, fico perplexo quando a nossa mídia e a sociedade brasileira se mobilizando contra mortes em outros países, que não chegam a 1% das que ocorrem no Brasil. Para ver dados na íntegra clique  aqui

De forma alguma (enfatizo) desejamos a morte de qualquer pessoa, mas será que não damos destaque demais aos outros, enquanto aqui estamos literalmente nos digladiando???!!!

Para encerrar faço uma pequena citação do livro o "Vigiar e punir", de Michel Foucault, no qual ele faz uma advertência quanto à punição generalizada; "que as penas sejam moderadas e proporcionais aos delitos". (FOUCAULT, 2014, p.73) e um vídeo de Edson Gomes: "somos nós!"




Fontes:
http://tribunadonorte.com.br/noticia/no-rn-82-7-das-va-timas-de-homica-dio-sa-o-negros-ou-pardos/334363. Acesso em 02/Jan/2015.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão (Trad).Raquel Ramalhete. Petróplis, RJ; 2014.