quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Crítica do filme Django


Saudações Caros Internautas!

Eu mesmo queria tecer alguns comentários sobre o filme,mas ao ler esta análise achei muito boa e resolvi transcrever, na íntegra, obviamente dando os devidos créditos ao colega blogueiro Ricardo Martins, do qual o endereço segue logo abaixo.

Well, deixemos de shit e vamos aos comentários. Nosso colega, Ricardo achou o filme sem muitas surpresas, mas acho que do ponto de vista do resgate histórico é muito interessante e traz de forma simples para o grande público a questão do preconceito étnico, ainda muito presente nowadays!

Vamos a resenha de Ricardo:

Em seus filmes, Tarantino sempre que podia flertava com o mundo dos filmes de faroeste por meio de referências. Não demoraria muito para que logo ele entrasse definitivamente no gênero. Django Livre é a homenagem do diretor a este estilo, ligando nomes como Sergio Leone, John Ford e a violência visual de Sam Peckinpah, mas a maior reverência vai para os chamados “western spaghetti”, o que já é claro pelo nome do personagem-título, referência a um clássico do estilo: Django (1966), de Sergio Corbucci, com Franco Nero – que faz uma divertida participação especial neste filme.

Curiosamente sendo um “western” passado no Sul escravagista, não faltam também elementos do cinema Blaxploitation (movimento de cinema negro dos anos 70).

A trama é simples. O escravo Django (Jamie Foxx) é libertado pelo caçador de recompensas alemão King Schultz (Christoph Waltz). Django passa a “trabalhar” com o caçador, que em contrapartida promete ajudar o ex-escravo a recuperar sua esposa, vendida ao cruel fazendeiro Calvin Candie (Leonardo Di Caprio, ótimo).

Dr. Schultz e Django.
Dr. Schultz e Django.

Jamie Foxx e seu personagem acabam servindo como escada para o ótimo elenco coadjuvante. Christoph Waltz brilha novamente, sem precisar repetir seu personagem de “Bastardos Inglórios”, que o consagrou. O divertido Dr. Schultz, educado e que adora falar de forma rebuscada, é talvez o mais gentil personagem que já houve em um filme de Tarantino, mas ainda assim é acostumado com a violência (mata para viver ou por necessidade) e possui seus interesses próprios. Já Leonardo Di Caprio (que sempre defendo que é um ator formidável) finalmente pode “praticar” um lado nunca mostrado em sua carreira: o de um personagem frio e assustador; e consegue passar isso apenas nos gestos e olhares. Arrogante (a ponto de fingir ser culto), e orgulhoso de ter poder, Di Caprio não perde a linha mesmo quando o papel exige certa caricatura. Uma pena que o Oscar pegou a mania de esnobá-lo.

Outro que quase rouba o filme é Samuel L. Jackson, um antigo escravo mais racista que todos os outros personagens juntos e que possui uma bizarra relação com seu mestre.

O excepcional Calvin Candie, de Leonardo Di Caprio, senhor de Candyland.
O excepcional Calvin Candie, de Leonardo Di Caprio, senhor de Candyland.

Antes de tudo, é preciso dizer que Django Livre é um típico filme de Tarantino, um diretor que dispensa apresentações, já que sabemos de seus maneirismos e maneira de fazer uma obra com zilhões de referências e colagens e ainda assim criar uma identidade própria. Idolatrado por fãs que consideram suas características geniais (que são as mesmas que por sua vez os detratores usam para chamá-lo de “embuste”), a verdade é que Tarantino gostando ou não, provoca discussões de maneira que poucos filmes conseguem. Talvez este Django seja mais “acessível” aos que tem dificuldade com o diretor. É praticamente linear e “controlado”, muitas vezes parece (embora nem tanto) um Tarantino contido, enquanto a história se desenvolve de forma até banal, sem grandes surpresas. Confesso que senti falta de suas loucuras de roteiro, como as reviravoltas ou subversões inesperadas que ele costuma fazer (embora um faroeste onde o protagonista não seja branco já seja uma subversão), mas aqui ele em base segue uma estrutura tradicional e simples.

A edição é correta, mas também não surpreende. Talvez ele tenha resolvido não arriscar muito, já que desta vez não conta com a edição de Sally Menke, que faleceu em 2010 e sempre trabalhou com ele. Isso parece ter feito diferença. Mas não achei arrastado ou exageradamente longo como alguns tem considerado, pelo contrário, prende a atenção e diverte o tempo todo.

Link Youtube | Assista ao trailer de Django Livre.

Tarantino dificilmente decepciona quem o curte, com sua fórmula e a paixão pelo cinema estampada em cada cena, é sempre um prazer assistir suas obras. Os diálogos não são tão inspirados como nos seus melhores filmes, mas continuam acima da média. Mesmo levando tudo com muito bom humor e liberdade criativa, temos aqui um filme corajoso em retratar este período histórico sem pieguice e que deixa clara a estupidez da escravatura de forma direta e eficiente (e pensar que Spike Lee, que obviamente não viu o filme, falou abobrinha chamando-o de racista). Aliás, esse é um dos filmes do diretor com mais ênfase em história e política – destaque para o discurso que o personagem de Di Caprio faz quando tenta provar a inferioridade dos negros por meio de “estudos” de seus crânios; teorias deste tipo realmente existiram para justificar barbaridades como essa.

Mesmo com uma história bem lugar-comum, Tarantino continua sendo um dos diretores mais interessantes em atividade, e todo filme dele vale a espera para ver no que dará. E eu nunca imaginei que teria a chance de ouvir no cinema a canção tema do clássico Django. Mais uma vez, Obrigado Tarantino
!
RICARDO MARTINS
Ricardo da Silva Martins é formado em Biologia, mas desde sempre foi um apaixonado por filmes. Orgulhoso defensor da existência de filmes bons (e ruins) em qualquer gênero e país, passando por diversos estilos, de Spielberg à Buñuel e do lixo ao luxo sem preconceitos. Fã também de rock anos 80, livros e quadrinhos, até arranha uma guitarra nas horas vagas.

Fonte:http://www.feedbackmag.com.br/oscar-2013-critica-de-django-livre-melhor-filme/

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