terça-feira, 4 de outubro de 2011

Sistema de ensino no Brasil (parte I)

O Brasil, desde a sua institucionalização como nação independente, já contou com vários modelos de organização educacional. Muitos estudos investigaram e analisaram como se deu o processo de organização do ensino brasileiro. Nesse sentido, uma releitura desse processo histórico foi realizada por Oliveira (2003), no qual o autor faz uma arqueologia, em termo foucaultianos, buscando esmiuçar o contexto sócio-histórico-cultural, sobretudo, buscando compreender que fatores influenciaram para estruturação de tal sistema.
Conforme o autor, havia uma motivação político-ideológica que motivara a primeira tentativa de organização do ensino brasileiro, tendo esta ocorrida no início da segunda metade do século XVI, imediatamente, pós-descobrimento do Brasil. Senão vejamos:


[...] com a chegada da Ordem dos Jesuítas em 1549, que sob a inspiração da Contra-Reforma, foi responsável pela catequização indígena e pela educação da elite colonizadora. Como sustenta Xavier (1980), preocupados com a difusão da fé e com a educação de uma elite religiosa, os jesuítas criaram um sistema educacional que, em última instância, fornecia aos elementos das classes dominantes uma educação clássica e humanista como era o ideal europeu da época. (OLIVEIRA, 2003, p.946).


Nesse sentido, herdamos de Portugal[1] a burocratização e o imprint cultural que nossos colonizadores entendiam ser a melhor forma de estrutural de organização, principalmente a manter os interesses da Metrópole, quer seja no aspectos religioso, político e social, visto que a escolarização atendia a determinados contextos de manutenção do statuo quo.Nos séculos seguintes, deu-se continuidade à sistematização implementada pelos jesuítas, que avançaram para interior do país fundando vários colégios e também seminários numa tentativa de cristalizar a doutrina. Nesse aspecto, conforme Albuquerque (1993), apud Oliveira (2003), a empreitada jesuíta foi, sem sombra de dúvidas vitoriosa, no sentido de que a fé católica fora implementada, mesmo que de forma abrupta, como foi o aculturamento dos índios e escravos, e, um fator ainda mais audacioso, era o enfrentamento, que não se dava, logicamente, às claras, mais no campo ideológico, em que a ideário da Companhia de Jesus, ia de encontro aos ensinamentos e regime societal dos grandes proprietários de terra, ou seja, os “senhores das Casas-grande”.
Atualmente, apesar de querermos acreditar que vivemos em um Estado laico, há muita influência da religião na administração estatal "moderna", desde o ensino religioso, que é "optativo", aos feriados, municipais, estaduais (tendo o RN comemorado os mártires de Uruaçu, no dia 03 deste) e nacionais...
Nesse sentido se faz um questionamento, se é para comemorar, porque não inserirmos também as religiões afro, o protestantismo, etc...

Voltaremos com essa análise...


[1] Idem, 2003.

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